OS VEÍCULOS – CORPOS ESPIRITUAIS

Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar que, antes de tudo, ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação.
EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, ANDRÉ lUIZ, FEB (Francisco Cândido Xavier)
Identificamo-nos de tal maneira com nosso corpo físico que nossa consciência sente dificuldade em se situar fora dele. É como se corpo e Espírito fossem uma mesma e única coisa. Não estamos conscientes que várias funções que o nosso Espírito desempenha são extra-físicas. Confundimos num mesmo sistema as ações, os sentimentos e os pensamentos, como se tudo estivesse situado e manifestado no mesmo corpo físico. Nunca paramos para refletir onde ocorrem os pensamentos e nem onde ocorrem os sentimentos. Sabemos apenas onde ocorrem as ações: ocorrem através de nossas mãos, pés, boca, olhos etc. mas não sabemos quem realmente pensa e sente!

– Como não sabemos quem pensa?   …. É óbvio que é o cérebro!

– Então, por analogia, podemos dizer que quem sente é o coração?

A ciência médica já desvendou grande parte das funções do corpo humano e catalogou vários sistemas: respiratório, digestivo, reprodutor, muscular etc., mas não consegue desvendar onde fica a sede dos pensa­mentos, dos sentimentos, do subconsciente, da vontade, da intuição etc., pois estas funções não estão no corpo físico, onde as procuram. Elas estão em outro lugar: no corpo espiritual.
A ciência consegue reproduzir efeitos ou reações em nosso corpo físico atuando, com impulsos eletromagnéticos, em certos pontos do cérebro ou do sistema nervoso, mas não consegue atuar no centro de pensamento ou de sentimento da Pessoa.

– O nosso Espírito não continua pensando e sentindo quando estamos dormindo?

Deus criou, ou melhor, desenvolvemos ao longo de milhões de anos corpos organizados, flexíveis e capazes de receber todos os impulsos da vontade e se prestarem ao uso e movimento do Espírito quando encarnado. O corpo é, pois, simultaneamente envoltório e instrumento do Espírito e à medida que este adquire novas aptidões, reveste-se de outro envoltório mais apropriado. É o próprio espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas necessidades. Aperfeiçoa-o. Nosso Espírito usa, portanto, outros veículos além do corpo físico para pensar e sentir.
Nota: estamos usando o termo “Espírito” no mesmo sentido de “Centelha Divina” para ficar mais fácil a compreensão, pois é o termo mais utilizado na literatura espiritualista. Porém atente para o significado profundo da Centelha Divina quando falarmos em Espírito.
Corpos Espirituais
O Espírito não pode agir diretamente na matéria. A matéria física é por demais densa e lenta para as altas vibrações e potencialidades do Espírito. Para se manifestar na matéria, o Espírito necessita se revestir de invólucros de proteção como o mergulhador precisa usar um traje submarino para entrar nas profundezas do mar. O Espírito se reveste de vários invólucros, que chamamos de corpos espirituais, até chegar ao último, que bem o conhecemos, o nosso corpo humano.
Considere que o Espírito, a Centelha Divina, seja uma esfera luminosa, intensa­mente energética que desintegraria a matéria apenas pela simples aproximação. Essa esfera luminosa, a Centelha Divina que mora em nós, localiza-se, mas não se restringe, à posição onde estão as glândulas pineal e pituitária, gerenciando as demais glândulas de secreção interna.
Notas:
  1. Estamos sugerindo alguns nomes para os corpos espirituais – apenas como terminologia didática – para apresentar a existência de tais corpos e suas funções específicas, bem como, a existência de uma profunda interligação entre eles. Com melhores definições, serão alterados os nomes e ampliados os informes, porém suas existências, interpenetrações e funções são evidentes e fundamentais.
  2. Entender que os corpos mais sutis são mais amplos e absorvem e contêm os demais sucessivamente. Portanto, o Corpo Divino envolve diretamente a Centelha Divina – a Mônada Celeste – e se estende por sobre os demais. O Corpo Espiritual envolve e protege o Corpo Divino… e assim por diante.
  3. Cada Corpo Espiritual é formado com os materiais do Plano ou Dimensão em que ele funciona, ou seja, o Corpo Físico atua no Plano Físico ou Plano Material, o Corpo Astral atua no Plano ou Dimensão Astral, o Corpo Mental no Plano ou Dimensão Mental e assim por diante.
  4. Estamos aqui titulando os corpos com nomes mais familiares para nossa compreensão, porem compare os quadros abaixo, e os nomes definidos pela Teosofia,  Rosa-Cruz e por  Ramatis em Mensagens do Astral.

Corpo Divino

É a primeira túnica ou vestimenta que envolve a Centelha Divina. Aqui vamos denominar de Corpo Divino. É composto por tenuíssima tessitura, muito sutil e muito possante, para poder envolver e isolar o Espírito em sua magnificência e altíssima potencialidade bem como permitir expressar o Verbo Divino.

Nota: O Corpo Divino que envolve a Centelha Divina é o mais amplo. Interpenetra a Centelha e se estende e engloba todos os demais.

Corpo Espiritual

A segunda túnica, que reveste e se liga à primeira, vamos chamar de Corpo Espiritual, também constituída por uma tessitura tenuíssima e que tem a condição de captar o verbo divido e expressar a Vontade do Espírito.

Corpo Intucional

A terceira túnica, que estamos denominando por Corpo IntucionalIntucional, que se liga à segunda, detém a sabedoria instintiva ou amor verdadeiro, decorrente das experiências acumuladas no Corpo Causal, abaixo descrito, e expressa a Intuição Divina.

Corpo Causal

A quarta túnica, que chamamos aqui de Corpo Causal, com a função de refletir e registrar as experiências acumuladas durante as inúmeras existências da Centelha Divina (o carma, ou seja, as ações e reações inerentes de nossas experiências e vivências), automatizando sistemas repetitivos, confrontando e informando ao corpo mental as situações comparadas, emitindo uma comunicação sutil, que chamamos de “voz da razão” ou “sussurro da consciência”. Uma parte deste corpo é, na psicologia, muito estudado como subconsciente e podemos dizer que aqui ele expressa a ConsciênciaCorpo Consciencial.

Corpo Mental

A quinta túnica, chamada de Corpo Mental, tem a função de pensar, raciocinar, criar, idealizar as coisas. É como um adiantadíssimo computador que pode processar as informações, manuseá-las, transformá-las e emiti-las nos dois sentidos: do corpo físico para o Espírito e Deste para o corpo físico. É o corpo dos Pensamentos

Corpo Astral

A sexta túnica, chamada de Corpo Astral ou Corpo Emocional, tem a função de sentir, perceber, emocionar e acionar as ações do corpo físico. É como um acumulador de energias que as potencializa para serem aplicadas na parte física. É também conhecido como corpo dos Desejos e Emoções.

Nota: Emoção significa “móvel de ação”, aquilo que movimenta as ações; e astral significa luminoso, brilhante, cheio de energia.
Corpo Físico

A sétima túnica, a última, é o nosso Corpo Físico, que tem a função de executar as ações, agir, realizar materialmente o que foi concebido mentalmente. É o corpo das Ações.

Nota: Perispírito é o elo que liga o corpo físico ao Espírito propriamente dito. Denominação adotada por Allan Kardec na codificação do Espiritismo, que representa o corpo espiritual, onde aqui estamos discretizando em vários corpos independentes e justapostos.

Conforme Rosacruz

corpos - ramatis - rosa cruz

Conforme a Teosofia

Conforme Ramatis

PERGUNTA: — Qual a ideia que poderíamos conceber, desses sete mundos?

RAMATÍS: — A mesma Pedagogia Sideral ensina que Deus, Brama ou o Universo, abrange sete mundos ou sete estados energéticos que se diferenciam conceitualmente sob a regência do ritmo septenário. Através dessa divisão, cabível na mente humana, torna-se mais fácil aquilatar o processo de “involução” ou “descida angélica” e o da “evolução” ou “ascensão espiritual”. Procurando situar-nos dentro dos gráficos mais conhecidos e que consideramos de maior clareza para esse entendimento, principalmente os que são manuseados entre os esoteristas, Rosacruzes, Teosofistas e Hermetistas, expomos, resumidamente, a disposição dos sete mundos que servem de degraus diferenciais no abaixamento vibratório do espírito virgem, e que a tradição bíblica também simboliza no trajeto ascensional através da escada de Jacob:

1.°) Mundo de Deus, a Matriz-Base, o Pensamento Original e Total;

2.°) Mundo dos Espíritos Virginais, composto de sete regiões, de onde se originam os espíritos diferenciados em Deus, para iniciarem a sua trajetória através da substância material; origem iniciática dos veículos do homem;

3.°) Mundo do Espírito Divino, em cujas regiões se originam as mais elevadas influências espirituais no homem;

4.°) Mundo do Espírito de Vida, é a origem do segundo aspecto tríplice do espírito do homem;

5.°) Mundo do Pensamento, dividido na região do “pensamento abstrato” que contém as idéias germinais da forma, vida e emoção dos reinos mineral, vegetal, animal e humano; na região do “pensamento concreto”, zona mental, origem das forças arquetípicas e a mente humana, na figura de um foco que reflete o espírito na matéria, além dos arquétipos do desejo, emoção, vitalidade universal e da forma. (Aliás, esse mundo, em sua divisão perfeita do espírito humano e a mente, separa perfeitamente a personalidade provisória do mundo de formas e o ego concretizado no mundo interior do espírito.)

6.°) Mundo dos Desejos, responsável pelo “corpo dos desejos”, na seguinte disposição: — três regiões que compreendem o poder, a luz e a vida anímica, compondo a atração; a quarta região, que é o sentimento, as três últimas abrangendo os desejos, impressionabilidade e paixões;

7.°) Mundo Físico, de suma importância para o atual conhecimento do homem comum, assim dividido: — região interior, etérica, forma do corpo vital, e região exterior, química, que compõe o corpo denso ou propriamente físico.

LIGAÇÕES

Todos os corpos se interpenetram, sendo que em extensão os mais sutis ultrapassam os mais densos. Estes corpos, veículos do Espírito, estão ligados entre si continua­mente. O corpo astral, sede das emoções, está ligado diretamente ao corpo físico através de um laço fluídico, eletromagnético, chamado de cordão de prata. Quando dormimos, o corpo astral (junto com os demais corpos) se afasta do corpo físico, porém permanecendo a ele ligado por um cordão fluídico, cordão de prata, que nada mais é do que a extensão do duplo-etérico, que se estica (como um chiclete) até onde o espírito se deslocar. O corpo astral se liga ao mental, pelo cordão de ouro, o mental ao causal, por outros meios… e assim sucessivamente.

Quando nós pensamos, uma onda de energia faz com que processemos mentalmente uma série de imagens e raciocínios que acionam e estimulam os sentimentos e emoções. Essas emoções, traduzidas por um desejo de se executar alguma ação, injetam energia em nosso duplo etérico que aciona o corpo físico. Ao mesmo tempo que tudo isso está ocorrendo, a consciência vai dirigindo e acompanhando o desenrolar das atividades e, antes de decidir pela realização do ato, verifica e confronta com os arquivos anteriores, emite um sussurro de alerta, a voz da consciência, delibera a ação e registra todo o processo no subconsciente, no corpo causal. Tudo isso acontece ao mesmo tempo e no mesmo local: em nosso íntimo.
O Cavalo e a Carruagem

Aprofundando-se mais na figura indiana da carruagem (mencionada no livro de Ramatis – Mensagens do Astral) onde ela representa bem o ser humano reencarnado em seus três corpos principais de atuação do Espírito aqui na Ter­ra:

  1. A carroça – representando o corpo físico que leva o passageiro – o Espírito encarnado, rumo ao seu destino.
  2. O cavalo – representando o corpo emocional, a energia motora que puxa a carroça, o corpo físico, através da cangalha, representando o duplo-etérico.
  3. O cocheiro -representando o corpo mental, que dirige o cavalo, as emoções, através dos arreios, que é a ligação entre o corpo mental e astral.
O cocheiro (mente) tem a função de dirigir, dominar e controlar o cavalo (emoções) o qual tem a função de estimular, animar, movimentar a carroça (corpo físico) e os três juntos tem a função de conduzir o passageiro (o Espírito) ao seu destino.
Quando os três corpos estão em sintonia, quando o nosso pensar, sentir e agir estão em congruência, alinhados, as nossas expressões são autênticas: agimos como as crianças que se expressam sem restrições. Esta­mos então com saúde emocional. Nossa existência passa a ser uma vida plena de realizações, pois tudo o que se quer, sente-se e se faz.
Nota: não podemos deixar de alertar que, sendo ainda impuros os nossos sentimentos, não podemos ser, como dizia o Chico Xavier, totalmente autênticos, pois a nossa espontaneidade iria ferir os sentimentos dos outros.
Conflitos Íntimos

– Como podemos criar vários conflitos internos?

– Quando cada um dos corpos quiser  ir para uma direção diferente, .

Conforme vamos podando nossos sentimentos e coagindo as nossas expressões espontâneas, passamos a dissimular nossas reais intenções e mascarar nossos sentimentos reais mostrando assim nossa imagem deturpada, tanto para os outros quanto a nós próprios.

  • Uma pessoa que está com muitas restrições internas, que não pode se manifestar com espontaneidade, aqueles que “não podem fazer isso, não podem tomar aquilo...”, procedem como um cavalo “esgoelado” (emoções tolhidas) em que o cocheiro (a mente) puxou tanto as rédeas que nem consegue olhar de lado. São os típicos comportamentos neuróticos.
  • Ao contrário, quando o cocheiro (a mente) abandona as rédeas e deixa o cavalo (as emoções) totalmente livre, sem freio algum, sem o controle do corpo causal (consciência), sendo tudo válido e permitido e não se importando se está ferindo alguém, dizemos que é um psicótico, pois a ligação com o corpo causal, principalmente com o subconsciente, está interrompida no corpo mental. Este corpo não está disciplinado e cumprindo com suas funções.

– O que é morte?

A morte nada mais é do que a separação do corpo físico dos demais corpos, os quais continuam ligados ao Espírito durante sua viagem.

A morte é o rompimento do cordão de prata, que liga o corpo astral ao físico, através do duplo-etérico. Na figura da carruagem, é o rompimento da canga que liga o cavalo à carroça, e o passageiro junto com o cocheiro passam para a garupa do cavalo, simbolicamente falando.
O Espírito continua a viagem no plano superior imediato ao plano físico, no plano astral, com todos os demais corpos exceto o físico que ficou para trás, até que soe o tempo de retornar ao laboratório físico para continuar as experiências.

Nota: O plano físico é como o laboratório ou oficina de ensaios que existe nas escolas, onde o aluno tem que demonstrar, provar o que aprendeu no plano espiritual.

REFLITA COMIGO

 Observando as atividades e situações da vida, sob a ótica dos corpos espirituais, você consegue identificar de onde está partindo o estímulo gerador?

  • É do seu corpo físico (se for um reflexo condicionado, por exemplo, de defesa, de autopreservação, de satisfação de uma necessidade física, ou uma sensação de frio, de calor, de choque etc.);
  • Será do seu corpo emocional (se for um desejo, um impulso, uma paixão, um emoção de ódio, de revide, um sentimento de compaixão, de amor etc.);
  • Será do seu corpo mental (se for um pensamento, um raciocínio, uma lógica, uma ardilosidade, uma cilada, um planejamento etc.);
  • Será do seu corpo causal (se for uma reflexão, um juízo, uma lembrança profunda, uma decisão firme e convicta, um sussurro da consciência etc.),
  • Será do seu corpo intucional (se for uma intuição, uma idéia criativa espontânea, um profundo amor que desperta uma conexão com seu Eu interior etc.),
  • Será do seu corpo espiritual (se for uma vontade firme e segura que o impele a conquistar aquilo que estiver visualizando com profundidade que é diferente de um desejo que é passageiro);
  • Será do corpo divino (se for uma determinação completamente confiante, magnética, corajosa, destemida, como se fosse o senhor absoluto da situação, com conhecimento de causa, aquela determinação “que move montanhas” chamada de fé inabalável etc…).

Analisando os seus Corpos Espirituais, você poderá dizer se tem ou não domínio sobre eles.

– Quem domina quem? Ou seja: quem domina você e determina seus atos?

Por exemplo: se os seus desejos dominam suas ações e pensamentos, então quem comanda você é seu corpo astral (o cavalo da imagem da carruagem). Isso está bom para você? É isso que você quer?

– Qual dos seus corpos você sente que está mais desenvolvido: o físico, o emocional ou o mental? Por quê?

– Qual dos seus corpos é o mais forte?

REFORMA ÍNTIMA

Durante esta semana medite e reflita sobre este assunto e as escreva em seu Caderno de Reflexões. Por exemplo:

– Como eu vejo a morte agora: ela se tornou mais natural ou ainda continuo temendo-a?

APLICAÇÃO PRÁTICA

Procure observar, durante as suas conversas do cotidiano, “que corpo tem proeminência em suas manifestações“. Esta observação não se refere somente a você mas também nas pessoas que você também tem contato. Observe em cada pessoa “qual o corpo delas que mais se manifestando” em suas expressões e comunicações.

Nota: Este treinamento lhe será muito útil, mais na frente, quando estudarmos as influências dos espíritos em nossas vidas, a fim de podermos identificar o que vem de nós e o que vem de fora.

A força dos Corpos Espirituais:

Das coisas macias e fracas deste mundo, nada se iguala à água.
Para vencer o firme e forte nada pode igualá-la.
O que é macio conquista o duro.
A rigidez e a dureza são companheiras da morte.
A maciez e a ternura são companheiras da vida.

YOGA & EVANGELHO