“… uma eternidade perante a qual as divinas hipóstases, as volições infinitas teriam permanecido sepultadas em muda letargia inativa e infecunda, uma eternidade de morte aparente para o Pai eterno que dá vida aos seres; de mutismo indiferente para o Verbo que os governa; de esterilidade fria e egoísta para o espírito de amor e vivificação”.
URANOLOGIA GERAL – GÊNESIS/ALLAN KARDEC – GALILEU, 1862/63
– Quem sou eu?
É a eterna indagação de todos os sábios da antiguidade distante, dos sábios atuais e será também a indagação de todos os sábios do amanhã que ainda não despertaram a consciência. Para uma pessoa que se perde, e quer voltar para sua casa, a primeira noção, a noção básica que tem que ter é:
– Onde eu estou?
Sabendo onde está e sabendo onde fica sua casa torna-se fácil estabelecer o itinerário. Porém, se não souber onde está e, pior, onde fica sua casa, que itinerário irá seguir?
É o que acontece com todos nós, ou pelo menos com a maioria de nós, nessa época de muita ignorância sobre Deus, sobre a Vida Maior e sobre nós próprios, que não sabemos onde estamos, para onde vamos e nem qual é nossa essência.
A maioria de nós está completamente inconsciente de seu destino – estamos alienados de onde estamos, o que somos e para onde vamos. Não sabendo onde quer ir, vai para qualquer direção que arbitrar ou que lhe indicarem.
“Qualquer caminho serve para quem não tem seu próprio caminho e seu objetivo a atingir”.
Dando voltas sucessivas, recaindo em erros sistemáticos, voltando sempre ao ponto inicial, parecendo que não saiu do lugar, despendendo enorme energia, muito tempo, ou várias vidas, sem rumo certo, sem sucesso, arriscando acertar um dia… se der certo!
Quem sabe de onde veio e para onde vai, o que faz aqui e quem é, torna-se senhor de seu destino e conduz sua vida de maneira consciente de seu destino, ou seja, não mais está sujeito a sair de seu caminho, a ser influenciado a tomar rumos desconhecidos, a perder tempo, a ficar indeciso quanto ao rumo a seguir, a não cair nas ciladas da vida e, portanto, chegar a seu destino com maior rapidez e precisão, e participar de uma vida plena de satisfação e harmonia com Deus.
– Quem é Você?
- Sou um estudante!…
- Sou uma dona de casa!…
- Sou um médico!…
– Não é bem a isso que me refiro. Quem é Você? Torno a perguntar:
- Sou um atleta,… sou um artista, … um cientista…
- Sou um homem, … sou uma mulher, …
- Sou feliz, autossuficiente, medíocre…
– Ainda não chegamos ao ponto: Quem é Você?
- Sou um espírito encarnado…
- Sou uma inteligência suprema…
– Aprofunde mais isto…
– Sim, chegamos ao ponto:
Esse é o ponto fundamental de todo o processo evolutivo.Atenha-se muito bem ao que está sendo transmitido nesse momento, pois dependendo de como você se vê nesse universo, você será.
– Você já havia pensado que sendo um pedaço de Deus você também é Deus?
Provavelmente, não, e provavelmente nesse momento criou-se um conflito muito grande em seu íntimo:
- O que é isso? É muita presunção de minha parte: eu, um ser inferior, imperfeito, ignorante… Ser Deus!
É muito bom que ocorra esse conflito em você nesse momento. Ele trará reflexões que poderão mudar completamente o seu destino e, se forem bem conduzidas, se você elaborar bem esse processo íntimo, amadurecer essa noção, que não é nova, mas que está sendo relembrada nesse momento, você poderá transformar sua vida de inconsciente para consciente de seu destino.
Vamos analisar em conjunto:
- Se você se sentiu escandalizado com essa colocação, se isso feriu seu foro íntimo, provavelmente devem existir paradigmas ou preconceitos armazenados em seu subconsciente que estão conflitando com esta informação e, portanto, bloqueando o seu entender. Se você quiser revê-los e abrir caminho a novos horizontes da vida, a oportunidade se faz presente agora.
- Se você já havia pensado nisso, ou se o fato de considerar-se um Deus, além de estar registrado em seu subconsciente milenar, constitui um fato importante em sua vida, o presente estudo ampliará sua visão.
Com essa compreensão superior, sua postura na vida terá uma mudança radical. Apenas pelo fato de sentir-se como um Deus sua visão mudará e, portanto, suas atitudes mudarão, pois não se sentirá mais como vítima, mas sim como construtor de seu próprio destino. Passará a trabalhar com outro objetivo:
O Universo me pertence, sou seu herdeiro,
eu quero contribuir para que minha herança se amplie e multiplique.
Nota
O processo de reflexão íntima, a busca das razões que nos levam a aceitar ou rejeitar alguns fatos, desvendar barreiras emocionais, preconceitos etc, estão bem exploradas em obras de Psicologia, de Análise Transacional, entre outras, onde se recomenda a análise e a reavaliação atual de alguns fatos que foram aceitos, ou rejeitados, por nós no passado, quando ainda não dispúnhamos de condições de os analisar corretamente, repensando-os agora e tomando outra disposição interna para serem re-armazenados, de forma mais correta, em nosso subconsciente.
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REFLITA COMIGO
- Eu consigo me ver como Deus?
Este é o ponto crucial de sua vida e é uma conscientização muito íntima sua. Não permita que ninguém, nem mesmo estes escritos, modifique seu modo de pensar. É um assunto que deverá ser amadurecido em seu íntimo. Aceite o que está sendo transmitido apenas como uma hipótese razoável para que com a sua meditação, reflexão e intuição possa desvendar a verdade que existe em você e depois, por si só, confirmar suas conclusões. Este livro é apenas um itinerário: a verdade se encontra em você. É impossível você não ter êxito. É só uma questão de tempo, pois o amadurecimento íntimo virá e você se sentirá plenamente convicto da verdade.
A verdade está dentro de você, como está dentro de mim e de todos os seres viventes – nos animais, nas plantas, nos minerais e em outros reinos da natureza – porém nem todos estão com a consciência suficientemente desperta para tudo isso entender.
– Boa sorte, filho!
A VERDADE:
“É preciso medir a verdade segundo as inteligências:
velá-la aos fracos que os tornaria loucos,
ocultá-la aos maus que dela poderiam apreender senão fragmentos
dos quais fariam armas de destruição;
encerra-a em teu coração, e que ela fale por tua obra:
a ciência será tua força, a fé tua espada, e o silêncio tua armadura invencível”.
HERMES TRIMEGISTRO
SOMOS DEUSES
Nós somos deuses. Nossa Alma ou Espírito é uma Centelha Divina, Atma ou uma Mônada Celeste, um pedacinho de Deus. Nós não somos o nosso corpo. O nosso corpo físico é instrumento de nosso Espírito. Nós usamos o corpo físico como o motorista usa o automóvel. O Espírito vem de Deus, o corpo foi criado por Deus.
Partimos do seio de Deus simples e ignorantes e, como Centelha Divina, passamos por todo um ciclo de experiências, retornando ao Seu seio, reintegrando-nos à divindade, após termos vivenciado e expandido todos os valores latentes em nós, através das restrições da matéria. Ou seja, passamos por toda uma série de estágios nos reinos da natureza, evoluindo a natureza e expandindo nosso potencial divino durante milhões e milhões de anos, até chegarmos à perfeição prevista:
“Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai que está nos céus…”.
JESUS CRISTO
Este, pois, é o nosso destino. As restrições impostas pela matéria nos reinos da natureza servem de instrumentos ao despertamento das Centelhas Divinas, que com sua expansão vão conhecendo e dominando as leis da matéria e, automaticamente, dela se libertando.
“Só é livre quem aprendeu a obedecer!”
Nós não somos obra da criação, como uma pintura é obra do artista. Nós somos o próprio artista. Nós somos o próprio Deus. Ele não nos criou como obra exterior a Si próprio. Nós saímos Dele, somos parte Dele e continuamos ligados a Ele eternamente, constituindo junto com Ele todo o Universo.
A noção de estarmos separados Dele constitui a pior ilusão que já pôde existir. As religiões (re-ligare) se empenham em reatar, cada qual na profundidade que seus simpatizantes necessitam, este laço mentalmente perdido.
Apenas o homem dito “civilizado”, e principalmente o ocidental, precisa se religar a Deus, pois os demais seres que habitam ou já habitaram o planeta no passado, e os próprios índios, sentem-se ligados à Divindade, aos ancestrais e aos seres invisíveis aos nossos sentidos.
REFORMA INTIMA E APLICAÇÃO PRÁTICA
– Você consegue ver que o Corpo e o Espírito têm procedências distintas?
O Espírito procede do Pai (Deus) através da Centelha Divina, assim como o corpo procede do pai (homem), através do espermatozoide!
“…e fomos criados à Sua imagem e semelhança…”
JESUS
Somos o próprio Deus em expansão no seio do universo, semelhante à maneira como o embrião se expande no seio materno.
Não é fácil visualizarmo-nos saindo de Deus:
– Como é o Deus de onde partimos?
Na fase atual de nossa evolução apenas tateamos a compreensão do Universo. A Lei Divina nos oferta gradativamente o conhecimento da verdade para não ofuscar nossa compreensão.
Nota: A Centelha Divina que habita em nós não evolui. Ela é perfeita como perfeito é o Pai, Deus, de onde saiu. A Centelha Divina apenas desperta o seu potencial latente. A evolução se refere à matéria, aos reinos, aos corpos e aos demais instrumentos que usamos para estarem de acordo com o nosso despertamento, ou seja, conforme nossa consciência estiver mais desperta necessitará de corpos, instrumentos mais evoluídos para sua manifestação.
Visualize, por exemplo, um microrganismo existente dentro de seu corpo. Procure identificar seu movimento, sua vida, seu trabalho.
– Se ele pudesse pensar, da maneira como você pensa, quem seria seu Deus?
– Você. Você seria seu Deus!
Você seria, ao mesmo tempo, o Universo onde ele reside e o Deus que lhe governa a existência. Ele navega no oceano de seu Espírito. Ele sente os reflexos de suas atitudes. Ele tem todo o “livre-arbítrio” necessário à sua evolução. Ele tem todas as condições de desenvolver-se, multiplicar-se e transitar no seu universo que, para ele, é infinito.
O mesmo sucede conosco. Navegávamos no seio de Deus, inativos e infecundos, e permaneceríamos assim em eterna esterilidade, gravitando num paraíso improdutivo para nós até que soou o momento de nosso despertar. É quando surge o ciclo de nossa existência exterior. A Centelha Divina, através da resistência encontrada nas limitações das formas,vai se tornando consciente e responsável do alto destino que possui.
A matéria é criação de Deus. É uma emanação Divina com vida, isto é, com leis que regulam seu movimento e mutação, é o nosso instrumento de aperfeiçoamento.
As Centelhas Divinas partem perpetuamente de Deus e atraem para si os materiais adequados ao seu desenvolvimento. Quanto mais desenvolvidas Elas estiverem, materiais mais quintessenciadas atrairão. Todas
as criações formam ciclos completos, têm sua vida útil. Nós, as Centelhas Divinas, somos eternos, como eterno é o Deus de onde partimos.
– Filho, reflita comigo:
– Existem duas coisas no Universo: Deus e Sua obra.
– Então, responda para si mesmo: Quem sou eu?
– Sou Deus ou sou Sua obra?
– Sinto-me à parte de Deus ou como parte de Deus?
– Eu sou…
Nota: recomendo que utilize um caderno para anotar suas reflexões.
Estas considerações são muito importantes para a sua vida. Medite, reflita. Sinta-se a si próprio tal qual é. “Tateie-se” internamente em pensamentos e sentimentos e tente descobrir o que você realmente é. Suas conclusões poderão lhe dar condições de mudar a maneira de ver a si mesmo e aos seus semelhantes.
- Se as outras pessoas e eu somos parte do mesmo Deus e estamos juntos na eternidade, como, então, não as considerar como minhas irmãs?
- Se, como Deus, somos eternos, provavelmente eu e os outros (onde incluo minha família, amigos, conhecidos e até os desafetos) já estivemos juntos em outras épocas, outros lugares e estaremos juntos no futuro, então como devo tratá-los?
- Se eles não estão entendendo o que eu falo será porque eles ainda não passaram pelas experiências que eu já passei, ou vice-versa; será que eu não passei ainda por vivências que eles já tiveram?
- Se eu e meu próximo estamos juntos aqui na Terra e temos de progredir juntos, por que não cooperar ao invés de competir?
Nós nos conhecemos mutuamente?
Se os astros que se harmonizam em seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão de encontrar temporariamente, segundo suas funções de vida, e encontrar de novo, segundo suas múltiplas simpatias.
URANOLOGIA GERAL – GÊNESIS/ALLAN KARDEC – GALILEU, 1862/6
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O PAI NOSSO
Veja na oração dominical, o “Pai Nosso” que resume todos os “deveres” do Homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo.
– Pai Nosso que está no céu…
- Se nós temos um Pai comum, portanto, somos todos irmãos.
- Se nós somos todos Seus filhos, somos, portanto, Deus, iguais ao Pai.
- Se somos todos Seus filhos, somos, portanto, Seus herdeiros, então:
- O Universo nos pertence… por que brigar por sua posse?
- Jesus não se enganaria ao proferir esta oração que atende a todas as necessidades do homem!