O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série devidamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra de sua individualização. Unicamente a datar do dia que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.
GÊNESIS – ALLAN KARDEC / GALILEU, 1862/63 – MÉDIUM CAMILO FLAMARION
A vida é encontrada em todos os reinos da natureza. Quando vemos um ser humano, planta ou animal vivo e no minuto seguinte morto, certamente sabemos que algo deixou o corpo que antes tinha ações e agora está inerte. Depois contemplamos que a carne começa a desintegrar-se e a voltar para a Mãe Terra. O mesmo acontece com os vegetais que arrancados da Terra, sua fonte de vida, mostram-se murchos e morrem, tornando-se novamente pó. Com os minerais, as rochas, acontece o mesmo, porém em tempo muito mais longo. Quando se lhes é arrancada a força da vida, os minerais também apodrecem e desmoronam voltando ao pó. As rochas se tornam terra…
A vida é progressiva e a meta da vida é a experiência: que ela enceleira e colhe à proporção que passa através dos reinos da natureza, desde as formas mais baixas, nas quais a vida é encontrada, até as mais altas, que podem ser descritas como as do “Homem Perfeito”, ou do “homem tornado perfeito”. Quando a vida começa a funcionar sob o aspecto de vários minerais, não tem individualidade, tal como a compreendemos no nível humano. Nos tipos mais baixos de mineral, a força da vida, depois de ganhar a experiência que deve obter, passa para as formas mais altas. Mais tarde, passa para os tipos mais baixos de vegetais, e assim por diante, até os mais altos tipos desse mesmo reino. Tudo isso demanda muitos milhares de anos, tal como o tempo é contado neste planeta, mas só quando a vida passa do reino vegetal para o reino animal é que certa espécie de divisão se torna aparente. Mesmo nesse estágio não há individualidade, porém e simplesmente uma consciência de grupo, ou alma-grupal, comum a todos os animais e os dirige externamente. Quando a força da vida passa para o reino humano, um Espírito, ou Ego residente, habita cada corpo individual e dita os pensamentos e ações de cada ser humano. Nesse estágio de evolução, as almas-grupais têm influência sobre raças, mas não a têm sobre o indivíduo que agora possui seu livre-arbítrio.
A VIAGEM DE UMA ALMA – PETER RICHELIEU , 1972 – EDITORA PENSAMENTO